Hardware e a nossa lógica por trás da escolha
15/06/2025 - Post feito por Ricardo Gaspar
Desde o início do projeto, sabíamos que a solução do VITA teria de ser autónoma, fiável e acessível. Mas transformar uma ideia em algo funcional implicou uma série de decisões técnicas no que toca ao hardware. Neste post, partilhamos o raciocínio por trás de cada uma das escolhas principais que fizemos.
Cérebro do sistema: Raspberry Pi 5
Optámos pelo Raspberry Pi 5 como unidade central de processamento. Mas porquê?
- Possui poder de computação suficiente para correr modelos de visão computacional, como o YOLOv8, e TTS em tempo real.
- Possui portas GPIO, USB e interfaces de rede, o que nos permite interligar step-down, botão de pressão, câmara e coluna de forma simples.
- É acessível, compacto, e já bem documentado na comunidade maker, o que nos possibilitou avançar depressa para a fase de testes, graças à comunidade vasta e software open source.
Componente Passiva: Câmara módulo Pi
A câmara é essencial para ler os números dos autocarros. Escolhemos uma câmara HD com suporte para infravermelhos, porque:
- A imagem tem qualidade suficiente para alimentar os algoritmos de deteção (OCR).
- O suporte para baixa luminosidade é importante para que o sistema funcione de dia e de noite.
- É compatível com o Raspberry Pi via USB e tem um custo reduzido.
Componente Ativa: Botão físico com feedback sonoro
Queríamos que o utilizador pudesse ativar o sistema de forma simples e intuitiva. Um botão físico foi a solução mais direta:
- Pode ser facilmente localizado e pressionado.
- Está ligado ao Raspberry Pi por GPIO, com resposta rápida.
- Quando pressionado, o sistema lê os autocarros esperados na base de dados e transmite a informação por áudio.
Acessibilidade: Coluna ativa
Como o principal meio de comunicação é o som, escolhemos uma coluna de computador, por apresentar menor distorção sonora:
- Volume esperado é suficiente para ambientes exteriores.
- Boa qualidade sonora, mesmo com a voz sintética.
- Simples ligação ao Raspberry via cabo USB.
Autonomia: Painel solar + bateria
De forma a não depender da rede elétrica:
- O sistema é alimentado por um painel solar com controlador de carga.
- A energia é armazenada numa bateria recarregável, que garante funcionamento mesmo em dias nublados ou à noite.
Isto torna o sistema sustentável e fácil de instalar em qualquer paragem.
Nota: Autonomia 24/7 não atingida ainda com os componentes escolhidos para fins de teste.
Proteção: Caixas e suportes
Todos os componentes são instalados nas suas respetivas caixas de acesso limitado, para fins de manutenção e substituição de módulos. Os protótipos são constituídos por filamento PLA, impressos numa impressora 3D.

Resumo final
O hardware do VITA foi pensado para ser:
- Acessível para pessoas com deficiência visual;
- Autónomo em termos de energia e operação;
- Escalável e modular, para facilitar manutenção e evolução;
- Compatível com software aberto e fácil de desenvolver;
Cada peça foi escolhida com um único objetivo: tornar as paragens de autocarro verdadeiramente acessíveis — porque todos os passageiros importam.